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Dia 21 de Maio de 2010

De Rabanal del Camino a Ponferrada

Distância: 35,9Km

Distância até hoje: 594,51km

Tempo gasto: 10:14h

Temperatura na saída: 7ºC

Temperatura na chegada:34ºC

Peregrinação

SANTIAGO DE COMPOSTELA

NOSSAS ORAÇÕES DE HOJE FORAM

PRINCIPALMENTE PARA

23° Dia

Aline, Henrique, Thais, Luana, Lucca, Aída, Luiz, Pablo e: Inês, Cesar e Jane, Marcedlo e Beth, Almas de Aparecida Barbosa e Idelma, Heloisa e família, Maria José Marinho e família, Oliveira,  Mírian e família, Wilma e família, KK, Edna e família, Wanda (mamae) e família, Veotex e seus funcionários, Dionízio e família, José Antônio e Verinha e família, pela igreja, pelo Papa e pelos cristaos de todo o mundo.

A única explicação que temos para estar ao final do dia exaustos, cheios de dores, achando que no dia seguinte será quase impossível e, após uma noite de sono, acordarmos com energia e coragem, pés desinchados e ânimo, é Deus.

É Ele quem nos guia e sustenta.

Hoje aconteceu algo inexplicável. Socorro caminhava pensando que Edson a seguia, pois via sua sombra no chão, e quando virou, viu que ele estava do lado oposto. O pensamento foi direto para o apóstolo Santiago, pois a sombra estava com bastão e chapéu, como nós, e como ele é representado.

A todo momento, antes de sairmos, pedimos que ele vá ao nosso lado e nos guie. Não temos outra explicação.

O Caminho de Santiago é sempre no mesmo sentido, leste oeste, e pela manha, o sol está sempre às nossas costas. Portanto vemos a nossa sombra quase o tempo todo, pois caminhamos a maior parte do tempo pela manhã.

Hoje foi, depois da subida aos Pirineus (1º dia do Caminho), o dia mais difícil. Saímos às 6:15h, após o nosso café no quarto, ainda escuro. Mal víamos o caminho. Saímos por uma estrada de terra e logo começamos uma subida íngreme. Subimos de 1145m até 1540m por trilhas de terra, muita poeira e barro. Passamos em lugares que pensávamos não conseguir vencer. A vegetação mudou completamente. Muitas árvores sem folhas, cheias de musgo (aguardando o nascimento das folhas) e flores em profusão, amarelas, brancas, lilás, todas nativas (sempre o são). Somente à altitude de 1224m os primeiro raios de sol apareceram e chegaram a nós. No Km 6 chegamos a Foncebadón, exaustos e ansiosos por conhecer o famoso povoado maragato situado a 1400m de altitude. É um acúmulo de ruínas na subida do Monte Irago. Foi um dos lugares mais famosos da rota de peregrinação. Havia vários hospitais de peregrinos e um convento. Ficou bom tempo apenas com as ruínas e hoje conta com alguns albergues e muitas ruínas de casas de pedra e cobertura de sapé. Saímos de lá após um café com leite e uma ida ao banheiro, e continuamos a subir por trilhas inacreditáveis. Mais 2,5Km chegamos a um dos mais misteriosos lugares do Caminho, a Cruz de Ferro. Seu cruzeiro, apenas uma pequena cruz de ferro sobre um poste de madeira, é um dos mais famosos da peregrinação. Segundo a tradição de séculos, o peregrino deve lançar ali uma pedra trazida de seu local de origem, a qual se juntará a milhares e milhares de outras que existem aos pés da cruz: Todos nós fizemos isto, também. É incrível a montanha que se formou. É lindo e possui uma energia tao forte, que todos naquele lugar se parecem com crianças, eufóricas, mesmo com o grande cansaço da enorme subida. Muitos nessa etapa já estão de sandálias, pois as botas lhes machucam as feridas e calos já formados.

Estávamos bem perto dos montes nevados, mas a neve no Caminho já havia se dissipado. Apesar disto, não sentíamos muito frio. Começamos então a descida. De 1540m para 541m em alguns quilômetros. Foi de arrepiar. Trilhas onde só cabia um pé de cada vez, cheias de pedras pontiagudas e soltas, cortantes e escorregadias. Vimos a 9ª cruz dessa nossa peregrinação, dedicado a um peregrino falecido no Caminho. Rezamos por todos eles.

No Km 10 um lugar super especial. Em épocas passadas havia um hospital de peregrinos. Hoje apenas um albergue rústico, esotérico, sem banheiro, apenas uma letrina (latrina) do lado de fora: um barato. Seu dono e hospedeiro é o Tomás, um cara super interessante, amigo de brasileiros,. Recebeu-nos tocando uma sineta, vestido de templário e todo sorrisos. Vive com 3 gatos. Um deles, um siamês, muito dócil, pulou no colo do Edson que estava sentado se alongando, aninhou-se e dormiu (Edson não sabia o que fazer).

A descida era ameaçadora, tenebrosa, à beira de precipícios, mas maravilhosa. Impossível imaginar tanta flor, tanta paisagem linda diante de tanto perigo. Mas, com fé em Deus, continuamos em frente.

Chegamos a El Acebo, Km 16, outro lugar famoso e belíssimo, tudo na descida, o primeiro povoado del Bierzo. No Km 24,5 chegamos a Molinaseca, já com a descida terminada, debaixo de 30ºC (e saímos com 7ºC). É linda a cidade. Limpíssima, casas de pedras e cheias de flores (parece repetição). Logo na entrada uma linda ponte sobre um rio de águas transparentes e com piscinas naturais. Jovens tomavam sol e nadavam em suas águas (duas jovens de topless). Povo simpático e acolhedor. Até León não tínhamos visto praticamente nenhum inseto ou outros pequenos animais. Somente lesmas e caramujos enormes. Hoje, com todo o calor que fazia, convivemos com mosquitos, moscas, formigas e enormes calangos.

De Molinaseca a Ponferrada foi duro. Cansados, sol muito quente, e o término do trecho não chegava nunca. O Caminho segue pela Autovia (e o asfalto cansa muito) e nos encontramos com um peregrino brasileiro que vinha em sentido contrário, pois havia esquecido o seu bastão em um bar em Molinaseca, e voltava para buscá-lo.

Pegamos, então, uma estrada de terra passando por Campo, um pueblo do século XVII.

Chegamos a Ponferrada muito cansados, mas encantados com um castelo de 1178, construído pelos templários, que ficava bem em frente ao nosso hotel. Ponferrada é a capital do Bierzo Baixo. Fomos â missa das 20h na Basílica de N. S. De la Enciña (sec. XVI) onde é conservada uma cruz românica de São Tomás de las Olas. Após a missa o padre perguntou se havia algum peregrino na igreja. Levantamos a mão. Só havíamos nós. Levantamo-nos e ele pediu para nos aproximar do altar. Fomos recebidos com muito carinho e admiração e recebemos uma benção muito especial (com aspersão de água benta), como nunca havíamos recebido antes nesta peregrinação. Ficamos muito emocionados e felizes. Ganhamos uma linda estampa de la Virgen de la Enciña e pedidos de oração pela comunidade de Ponferrada.

Deitamos mais tarde que o normal, pois ficamos relatando as imagens do dia e o tempo passou rápido.

Em Ponferrada vimos: Hospital de Santa Ana (sec. XV), Igrejka de s. Andrés (sec, XVII) e casas de pedras com tetos também de pedras.

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