Várias das pessoas que encontramos no início desta peregrinação, não vimos mais, pois algumas percorreram apenas parte do caminho (voltam em outra época e percorrem mais uma parte). Alguns peregrinos mandam as mochilas pelo correio ou por vans, em um serviço de transporte que existe ao longo de todo o caminho. Depois recebem seus pertences nos hotéis ou albergues indicados. Alguns usam carrinhos ( de duas rodas que são puxadas por presilhas presas na cintura ), o que às vezes é difícil, pois em muitos trechos o barro é alto, ou as pedras são grandes, ou mesmo a trilha é muito estreita.

Existem, portanto, várias opções para quem tem dificuldades para fazer o Caminho.

O nosso percurso é o chamado Caminho Francês, que tem da ordem de 800Km (se Deus quiser vamos completá-lo). Mas, existem diversos outros, com diversos tamanhos.

A cada dia enfrentamos um desafio e uma conquista. Acordamos de madrugada e levamos mais ou menos uma hora para nos aprontar para a saída. Arrumar as mochilas (Elas são desmanchadas em cada hotel, quando chegamos), curativos nos pés, faixas, álcool de Romero, pomada para dor, algodão no calcanhar, e alongamento.

Saímos de Frómista com a temperatura de 3ºC, mas em pouco tempo estávamos próximos de 0ºC. Um frio intenso: as plantas estavam cobertas de gelo, não sentíamos, novamente, nossas orelhas, nariz e mãos (mesmo com luvas). Estávamos com dificuldades para falar e ofegantes. Rezamos com dificuldade, mas rezamos.

Percorremos uma senda (caminho) em cascalho, paralelo à uma estrada asfaltada, como sempre, subindo e descendo (parece sempre que subimos mais que descemos). Passamos por Población de Campos (4Km), povoado modesto mas, como sempre, limpo e conservado. Em seguida, Ravenga de Campos (7,5Km, Villamento de Campos (9,5Km) e Villacazar de Sirga (sec. XIII), fundada pelos templários. Neste pueblo vimos a igreja de Santa Maria de La Blanca (sec. XIII). Em seguida chegamos a Carrión de los Condes, uma cidade encantadora. Vimos a igreja de Santa Maria Del Camino (sec XII) a igreja de Santiago (sec XI) e o Monastério de S. Zoilo (sác. X) fundada pelos Beneditinos, e hoje transformada em um hotel de 3 estrelas.

Durante o caminho muito frio, porém sem chuva. Assistimos uma linda missa às 20h na igreja de Santa Maria Del Camino, e em seguida o padre, muito cativante e simpático convidou os peregrinos a irem à frente. Quase toda a igreja atendeu a seu convite e, então, recebemos uma belíssima bênção do peregrino em diversas línguas, além de receber a letra de uma canção que ele compôs (colocou uma gravação e nos fez cantar com ele). Esta música não sai de nossas cabeças. O nome do padre é José Aumente e a canção se chama Camino de Santiago. Na leitura em português tivemos a honra de fazê-lo em alto e bom tom. Foi tudo muito lindo.

Para dormirmos como precisamos, sempre deitamos antes das 22 horas, quando precisamos lacrar as janelas, pois é dia, ainda.

Ô saudade dos filhotes....