Deixamos Sahagún, um importante marco do Caminho (pois chegou em épocas medievais a ter cinco hospitales, albergues de peregrinos) com um lindo dia de sol, mas intenso frio. Antes de deixar o hotel (Hostal) verificamos a temperatura de 4ºC, mas assim que reiniciamos o Caminho começamos a ficar congelados. De cara percebemos que os carros estavam cobertos por uma camada grossa de gelo. Logo hoje que a calça impermeável da Socorro foi abandonada na lixeira do hotel (a foto do que restou da mesma é bem explicativa). Deu para ver de cara que iria fazer falta, pois ela foi responsável pelo aquecimento da parte de baixo (sobre outra calça até o momento). Coitada daquela calça, se acabou depois de cumprir bem o seu papel.

Os campos estavam cobertos de gelo, os trigais, apesar de estar sofrendo com o frio, se mostravam mais lindos ainda. Com isto deu para perceber que a temperatura, se não estava no momento, havia estado abaixo de 0ºC.

O Caminho estava lindo. Andávamos rapidamente (para espantar o frio) em uma estrada de cascalho., por entre árvores e trigais, em paralelo à rodovia Camino de Santiago. Foram 11,5Km sem bar, banheiro e comida até chegarmos à Calzada Del Coto. Fizemos alongamento mais uma vez, tiramos as mochilas e seguimos até Berciano (no sec. XII foi repovoado por habitantes Del Bierzo, por isso o nome). Alongamos mais uma vez, tomamos chocolate quente e fomos ao banheiro (limpíssimo como todos), quando Edson percebeu uma forte dor no calcanhar. Tirou a bota, colocou algodão no local, para proteger, mas a dor continuou. Desmontou então a mochila e pegou a sandália, que é também apropriada para caminhadas, e graças a Deus deu para seguir em frente. Fomos caminhando os 6Km restantes passando pela estrada e não pelo Caminho (que ficava ao lado, em paralelo) para evitar as que pedras penetrassem na sandália. Deu certo. Chegamos às 12 horas em El Burgo Ranero, pequeno e agradável pueblo que nos acolheu até o nosso novo destino.

Pouco a ver em El Burgo Ranero. Uma pequena igreja de pedra e adobe, pequeno altar, porém com lindas imagens de Maria. Além da igreja, uma praça com um pequeno lago cheio de pererecas super falantes, albergues e hostales. D. Begoña, proprietária do nosso hotel, nos acolheu super bem ( como o que em quase todos os outros hotéis aconteceu), nos levou ao quarto e depois nos serviu o almoço. O menu do peregrino, como em todos os locais é a melhor pedida. Um prato de entrada, um segundo prato, postre (sobremesa) pão, água e vinho. Em seguida fomos cuidar de nossas dores.

Não havíamos comentado até então: a iluminação dos banheiros, da mais simples parada (bar) até os mais sofisticados têm sensor de presença ou um temporizador. A preocupação com a economia de energia assim como a de água é muito grande por aqui.

O boné (de peregrino) que a Socorro ganhou do Luiz tem sido muito bom. O chapéu é bom, mas o vento leva toda hora. O boné fica sempre firme.